Publicada em 13/03/2013
Canoas reacende paixão da cidade pelo vôlei, e ginásio cheio vira trunfo
Fundado em 2011, clube já mobiliza comunidade. Para o confronto pelas quartas da Superliga, ingressos estão esgotados desde domingo
A cena se repete a cada rodada: ingressos esgotados e ginásio lotado. A torcida, sempre fiel, faz um espetáculo à parte em cada partida do Canoas Vôlei. E é com esse ingrediente a mais que o time espera chegar às semifinais da Superliga masculina nesta quinta-feira. Fundado em dezembro de 2011, está recém dando os primeiros passos no vôlei nacional, mas já conquistou os fãs do esporte no município da Região Metropolitana de Porto Alegre. É uma espécie de "déjà vu", que faz encher as arquibancadas e dar esperança por um título inédito.
Expectativa é nova para o Canoas, não para os moradores da cidade, acostumados com o sucesso da Ulbra, tricampeã da Superliga (temporadas 97/98, 98/99 e 2002/2003). No entanto, a comunidade precisou conviver com uma "lacuna" assim que a universidade passou a enfrentar problemas financeiros e anunciou o corte de diversas modalidades esportivas. Brecha perfeita para o projeto do Móveis Kappesberg/Canoas encontrar, mais do que espaço, carinho e apoio, reacendendo a paixão do município pelo vôlei, que rapidamente adotou o clube, fundado em dezembro de 2011.
Um dos torcedores, inclusive, acompanha a equipe desde o início, nas dificuldades da Superliga B, em 2012. Desde então, David Madruga, de 30 anos e morador da cidade de Canoas, não perde uma partida em casa.
- Só não consegui ir a uma partida da Superliga. No estadual, fui a todas. Quando a TV transmite, também acompanho, quando os jogos são fora daqui - conta.
O assíduo torcedor tornou-se fã da modalidade durante a Olimpíada de 1992. Naquele ano, curiosamente, Paulão, atual técnico do Canoas, retornou ao Brasil com uma medalha de ouro pendurada no peito. E foi somente após 20 anos que David pode vê-lo ao vivo pela primeira vez, desta vez, já não mais dentro das quatro linhas. Um atrativo a mais para o público que comparece ao ginásio do Centro Universitário La Salle.
- Nunca conversei com os jogadores ou o treinador, mas tenho um autógrafo do Minuzzi e uma bola autografada pelo Gustavo Endres, que uma vez jogaram para a torcida e eu consegui pegar. Para mim, o Gustavo é o melhor jogador - afirma.
São pessoas como David que fazem o retrospecto do Canoas ser tão bom dentro de casa. A animação da torcida é o que ajuda a motivar os atletas dentro de quadra. No Rio Grande do Sul, a equipe é quase invencível nesta Superliga. Foram oito vitórias em 11 jogos. Antes de a bola subir na Superliga, o ponta Minuzzi confessa que não imaginava tamanha aceitação. Ainda mais pela pouca idade do clube.
- Não sabíamos o que esperar por ser um time novo. Havia a cultura da cidade pelos tempos da Ulbra, talvez por isso a aceitação tenha sido tão grande. O ginásio está sempre lotado, com todo mundo apoiando, gritando, e isso nos ajuda, nos incentiva bastante - explica.
Em casa: familiares tomam conta do ginásio
Em casa: familiares tomam conta do ginásio
Além dos fiéis apaixonados pelo vôlei, o ginásio do La Salle, que conta com 800 lugares, também é dividido entre outros "setores". A equipe, no momento, conta com nove patrocinadores, donos de uma cota de ingressos para cada partida. Da mesma forma, a universidade Unilasalle, uma das principais apoiadoras do projeto do Canoas, tem seu espaço reservado. O mesmo vale para os familiares. Com vaga garantida, eles fazem do ginásio um pedaço do lar de cada jogador.
Como grande parte dos atletas são gaúchos, a participação da família é ainda maior, pela proximidade geográfica. Mais do que parentes, tornaram-se amigos. Na definição de Minuzzi, as partidas do Canoas acabam virando também um programa de família:
- Metade do ginásio acaba sendo de família. Minha esposa é de Canoas e vai sempre. Meus três filhos, meu pai, minha mãe, meu cunhado, meu irmão... todo mundo vai. Desde os primeiros jogos, a família de todo mundo acompanha. Eles ficam em uma área mais reservada e interagem bastante.
Essa paixão novamente despertada na comunidade de Canoas é o que se esperava desde o começo, quando dirigentes e atletas iniciaram o projeto de criar um novo clube. A fidelização de torcedores é o que move um clube - ou, ao menos, o que o ajuda a funcionar muito melhor. Por ser a única equipe na região, muitas cidades também acolheram o Canoas Vôlei como time do coração, segundo explica o diretor geral do clube, Fábio Senna.
- Nós conseguimos reacender essa torcida, esse gosto pelo esporte, que era algo que já acontecia. Recebemos muitos pedidos de ingressos também de outras cidades, como São Leopoldo, Novo Hamburgo e até Caxias do Sul. Esse é o resultado que a gente sempre busca, nem é a renda, o dinheiro. Queremos mesmo é esse sucesso e essa fidelização da torcida - analisa.
Na partida mais importante do ano até o momento, o Canoas espera que o fator local volte a fazer a diferença. Caso vença o Sesi-SP (primeiro confronto foi 3 a 2 para os gaúchos), o time de Paulão, Gustavo e cia. passa às semifinais do torneio. Diante de tanta expectativa, há ao menos uma certeza: o ginásio estará lotado nesta quinta-feira. Apoio não faltará.
-Futsal
-Vôlei
-Basquete
-Futebol de campo
-Atletismo
Com a grave crise financeira que a instituição passou, foram obrigados a extinguir os times de todas essas modalidades. O futebol de campo resistiu por mais um tempo virando o Canoas F. C. Logo, o clube fechou de vez após ser rebaixado para a 3ª Divisão do Campeonato Gaúcho de futebol em 2014, pois sem grana para pagar jogadores e o aluguel do estádio da Ulbra, um dos melhores do RS. Hoje se encontra abandonado pela instituição e reitoria.
O basquete ficou durante mais um tempo no campus da Ulbra Torres até fechar o time.
O hospital universitário passou a ser administrado pela prefeitura e o grupo Mãe de Deus.
Sinceramente, o time de futebol de campo não faz a menor falta para Canoas!
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